CENTENÁRIO DE GRANDE PINTOR E GRANDE POLITICO.
Victor J.
Faccioni
Já teria feito, cem anos, Guido
Fernando Mondin, falecido em 20 de maio de 2000, pois nasceu em 06 de maio de
1912, em Porto Alegre. Centenário, de um grande homem público e de um grande
pintor, que de certa forma continua vivo, em suas belas telas, de tão hábil mão
e visão de pintor. Mas não seria somente o artista a nos motivar sua lembrança,
como também o homem público, político de grande liderança, pelo que foi mais
conhecido no Estado, desde Caxias do Sul e depois Senador e Presidente do
Tribunal de Contas da União.
Em 1950, concorreu à Prefeitura de
Caxias do Sul. Dessa campanha, tal o espírito extrovertido e hilariante de
Mondin, que contam episódios. Um até parece lenda. Os antagonistas teriam
programado um “enterro simbólico” da sua candidatura. Quando o cortejo fúnebre
passava pelo centro, Mondin, de chapéu, capote de lã e manta, rosto quase
coberto, se incorporou e chegou junto ao caixão que “levava seu corpo”. Em
seguida, conseguiu substituir um dos que carregavam o “defunto” e, aí, desdobrou
a manta, baixou a gola do capote, levantou um pouco o chapéu e acabou sendo
identificado. Um dos participantes se assustou, e gritou: “Pessoal, o defunto
ressuscitou, está vivo, carregando o próprio caixão”! O que provocou sobressalto
nos participantes, que correram, ficando Mondin sozinho.
Não ganhou aquela eleição, o que
não arrefeceu sua disposição. Em 1958 elegeu-se Senador, sendo reeleito, em
1966. Com o término do segundo mandato no Senado, em 1975, foi indicado Ministro
do TCU, do qual foi Presidente em 1978. Mondin foi também atleta, líder
classista, folclorista, escritor, poeta e Dirigente Nacional dos Escoteiros,
quando com ele muito convivi, pois Presidi então a Secção Estadual RS, da
Entidade dos Escoteiros, e também, no Congresso Nacional, quando ele era Senador
e eu Deputado Federal.
A vida política não impediu o
desenvolvimento do dote artístico de pintor, estilo neoclássico, que tanto o
notabilizou. Suas telas estão espalhadas no Brasil e pelo mundo, inclusive na
Casa Branca, em Washington. Também em Brasília, no Senado, e aqui, na Assembleia
Legislativa do RS, no TCE-RS, retratando em cores mágicas a história do RS,
nossa Serra, campos e paisagens, como tantos episódios da História e cultura
gaúcha, ou revivendo figuras sacras, desde o “Cristo Banido”, à “Via Sacra”. O
TCE-RS chegou a transformar a reprodução de uma de suas telas, “A Carga
Farrapa”, numa honraria.
Contabilista, economista e advogado.
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